O juiz, conhecido pelo personagem humorístico Epaminondas Gustavo, foi mais uma vítima da covid-19.
Hoje, 18, a magistratura paraense amanheceu entristecida pela partida de mais um colega. O juiz Cláudio Henrique Lopes Rendeiro, da 4º Vara do Tribunal do Juri de Belém, faleceu às 6h10, vítima da covid-19.
Cláudio Rendeiro trabalhou por mais de 25 anos na magistratura. Entre seus feitos, o juiz foi coordenador do “Começar de Novo”, projeto do Tribunal de Justiça do Pará que promove a reinserção social de presos, egressos do sistema carcerário e de cumpridores de medidas e penas alternativas, a fim de prevenir a reincidência da prática de crimes. Também trabalhou na interiorização da Vara de Execução Penal de Penas e Medidas Alternativas em 12 comarcas. Nessas varas são aplicadas penas que não incluem prisão.
Foi durante a interiorização das varas de penas alternativas que surgiu o personagem humorístico que tornou Cláudio Rendeiro conhecido não apenas no Poder Judiciário, mas em toda a sociedade paraense: o Epaminondas Gustavo. O personagem nasceu em pequenas encenações teatrais como forma de facilitar o entendimento sobre penas alternativas em comarcas do interior do Pará. O sucesso foi tanto que o Epaminondas Gustavo chegou a protagonizar campanhas de conscientização da Justiça do Trabalho, shows de stand-up, eventos institucionais e peças publicitárias, onde 100% da arrecadação dos cachês era destinada para instituições de caridade.
Seu humor alegrava pessoas de todas as idades, sem apelar para piadas preconceituosas ou ofensivas, sempre com muitas referências da cultura paraense e com uma linguagem tão acessível que fazia qualquer pessoa entender até mesmo o “juridiquês”. Ele se expressava com piadas, canções, paródias, roupas e acessórios, em tudo a animação era sua marca. Durante os tempos difíceis da pandemia, seus vídeos caseiros nas redes sociais ajudaram a trazer sorrisos a seus milhares de seguidores.
Os procedimentos fúnebres serão reservados à família do juiz, como medida de segurança contra a disseminação da covid-19. “A família agradece as milhares de demonstrações de carinho e apoio dos fãs, amigos, imprensa e autoridades do Estado. Deus é soberano e sua vontade deve ser aceita por todos nós, mesmo sabendo que a perda do Claudio é muito dolorosa e difícil de ser assimilada”, afirmou o irmão de Cláudio, Manoel Rendeiro Junior, em nota que circula nas redes sociais.
Uma de suas últimas aparições públicas antes da doença foi na confraternização on-line da Associação dos Magistrados do Estado do Pará (AMEPA), que ocorreu no dia 18 de dezembro. Por conta da pandemia, o evento foi transmitido pela internet aos associados e apenas a equipe organizadora reduzida participou presencialmente. Epaminondas Gustavo cantou, contou seus “causos” e ajudou a animar o sorteio de brindes que ocorreu na ocasião.
“Os colegas da magistratura, que o conheciam fora dos palcos, se entristecem pela perda não apenas do personagem Epaminondas, mas pela partida de um amigo e excelente profissional. A Associação recebe a confirmação do falecimento deste ilustre associado com grande pesar e manifesta condolências à família Rendeiro neste momento de luto”, disse a Diretoria Executiva da AMEPA, em nota de pesar divulgada nas redes sociais.
Abaixo, veja algumas fotos do Epaminondas Gustavo durante a confraternização da AMEPA: