Faleceu ontem, 28 de outubro, aos 86 anos, a desembargadora aposentada Maria Izabel de Oliveira Benone. Uma das mais importantes intelectuais do Pará, ela também era advogada, pianista e escritora de diversos gêneros literários – desde livros sobre Direito até crônicas, poemas, prosas, colunas de jornal, ensaios e obras sobre religião e espiritualidade.
Ao longo de sua carreira, conquistou imenso respeito dentro e fora do Poder Judiciário. A paixão pela linguagem veio ainda na infância, com a influência da mãe, que lia histórias e a incentivava a ler. Na escola primária, recitava poemas a pedido da professora e, pouco tempo depois, começou a escrever trovinhas e canções por passatempo, sem nenhuma pretensão de seguir carreira de escritora.
A vergonha de expor seus escritos só começou a ser superada na faculdade, quando Izabel Benone apresentou em público seus primeiros poemas sobre saudade. Antes de enveredar pelo Direito, ela se formou como pianista pelo Conservatório Carlos Gomes, chegando inclusive a estudar música por um tempo nos Estados Unidos.
Contudo, passou a se interessar pelo Direito. Estudou no Brasil, Estados Unidos e Reino Unido e tornou-se juíza da área Criminal no Tribunal de Justiça Estado do Pará. Como é de praxe na carreira de magistratura, Izabel Benone teve experiências diversas pelo interior do estado, sempre respeitando e conquistando o respeito das pessoas com quem convivia. Ao longo de sua carreira, migrou da área Criminal para a Cível e chegou ao desembargo do TJPA, onde ficou até 2006, quando atingiu o tempo limite de serviço público. A paixão pelo direito continuou mesmo após a sua aposentadoria. Izabel Benone abriu um escritório de advocacia e continuou atuando.
Suas memórias mais marcantes no Poder Judiciário foram contadas em um de seus livros, “Julgamentos Marcantes: uma vida dedicada à magistratura paraense”. Merece destaque, também, sua obra “Temas de Criminologia”, muito bem aceita entre os colegas do campo jurídico. Suas experiências também a levaram e escrever diversos artigos para jornais do Pará e de outros estados. São escritos sobre casamento, vida familiar, separações e outras questões que eram abarcadas pelo direito Cível, que era uma de suas áreas de atuação.
Os textos jurídicos, porém, são apenas parte da obra de Izabel Benone, que era membro atuante da Academia Paraense de Letras (APL) e também da Academia Paraense de Letras Jurídicas (APLJ). Defensora da cultura e da literatura, escreveu dezenas de poemas, ensaios sobre suas viagens e culturas diversas, prosas e crônicas. A renda arrecadada com a venda de seus livros frequentemente ia para instituições beneficentes do Pará. Como líder nas ordens Rosacruz e Martinista no Norte do Brasil, Benone também dominava temas ligados ao desenvolvimento espiritual e escrevia sobre eles.
Em seus últimos anos, também compartilhava poemas gratuitamente com seus amigos e admiradores nas redes sociais. Além disso, também tocou piano em eventos beneficentes durante a pandemia.
Luto da magistratura
O presidente da AMEPA, juiz Adriano Seduvim, lamentou a morte da desembargadora Izabel Benone. “A desembargadora Benone era uma pessoa de intelecto ímpar. Além de ter sido uma excelente magistrada por onde passou até chegar ao desembargo, produziu obras literárias tanto na área jurídica como na poesia, prosa, sem falar de seu amor pelo piano. Sempre muito ativa , era uma associada muito presente e participativa em nossa associação. Entre os magistrados, o carinho e respeito pela desembargadora Izabel Benone é imenso, pois ela sempre foi gentil e solícita com todos ao seu redor, sem falar na generosidade que ela tinha em compartilhar seus conhecimentos. Ao mesmo tempo em que lamentamos sua partida, celebramos e reconhecemos seu grande legado”, disse.
A vice-presidente de Aposentados e Pensionistas da AMEPA, Desa. Dahil Paraense, também manifestou seu luto pela partida da associada Izabel Benone. “Sentimos a dor pela partida de nossa colega, mas encontramos consolo ao lembrar do bem que ela fez em vida, do seu bom relacionamento com todos ao seu redor, de sua produção intelectual notável na música, na literatura e no direito. Aos familiares e amigos da desa. Izabel Benone, nossas sinceras condolências. Desejamos que encontrem paz e consolo nesse momento de luto”, lamentou.
Despedida
O velório de Maria Izabel de Oliveira Benone ocorre neste sábado, 29, no salão nobre do Tribunal de Justiça do Pará (TJPA), na Av. Alm. Barroso, 3089 – Souza, Belém. A saída para o sepultamento será às 11hs e o enterro às 12hs.